Era sábado à noite, fim de inverno,... curtindo a vida de solteiro, entrava ele em uma festa mensal, a qual, tocava musica dos anos 80. The Police, Super Tramp, Erasure, Depeche Mode, Hood Gurus, A Turma do Balão Mágico, Madona, Ultrage a Rigor e tantos e tantos outros sons maravilhosos. Esta festa enche, a mesma tem seu início por volta das 22h. Experiente, sem duvida compra seu ingresso na quinta-feira que antecede a festa, e neste dia específico entrou por volta das 2h da manhã. Não dava para se mexer, eram quase 4000 pessoas dividindo dois ambientes com pistas de danças, foras os bares e área dos fumantes. Comprado a água mineral, achou um espaço na parede do corredor que dividia as duas pistas,.. sim sim, achar um lugar na parede para parar é coisa rara e difícil nesta festa, mas achou. Havia ali, muitas mulheres bonitas, muitos casais, algumas crianças, lotada a festa. Encontrou conhecidos, teve breve conversas, encontrou uma amiga, bonita, breve conversa. Tudo ia bem, até ELA passar,... olhos arregalados.... acho que é meio ceguinha e estava sem óculos, cabelo meio descabelado, blusa curta, pequeno salto, andava como se procurasse alguém, mas repito, pelos lindos olhos bonitos arregalados, concluí que estava sem óculos e não enxergava ninguém. Paralisado pelo visual, não abordei, afinal ali ela era mais uma dentre tantas outras também bonitas que passavam, todas passavam. O tempo foi passando na festa e após 4h da manhã casais e jovens começaram a irem embora, de forma que adultos conseguiram dançar. Aos copos de cerveja dançou até 6h da manhã. Ao som de Van Halen, The Cure, Siouxsie, Thalking Heads, A-ha entre tantos outros bons sons, dançou mesmo! Novas pessoas conheceu, mas saiu só...
Mas o final de semana lhe reservada surpresa. Teatro marcado com uma amiga de infância, também ingressos comprados cai por terra, quando a amiga avisa que por motivo de saúde de sua avó não poderá ir. Em minutos acessa: messenger, facebook e sua agenda no celular; não ninguém nem nenhum conhecido está interessado em ir ao teatro. Considerando ter dois ingressos de valor considerável, pensa em pela primeira vez na vida ir na bilheteria tentar devolver a banca, ou no máximo vender a alguém na fila por valor inferior. Como historicamente ele sempre fez amizade em bares, praças, universidades e igrejas com idosos, e por ser uma peça de teatro intelectual, entendeu que uma velhinha por sorte do destino compraria seu ingresso, ou a banca, pelo menos.... Mas o destino o golpeia de uma forma positiva pela primeira vez. A mulher linda, de olhos arregalados, hoje de óculos ingressa na fila na procura do ingresso, bem na hora que ele chega; ele fica a olhando, admirado com sua beleza e jeito, e logo as idosas presentes na fila de bilheteria informam não haver mais ingresso; digo a todos que disponho de um para vender, as idosas orientam a olhos arregalados comprarem de mim, cobro um valor simbólico, claro, mal sabe ela que ele gostaria de dar o ingresso a ela, alias o ingresso e muito mais coisas, mas já estava satisfeito, porque sabia que o ingresso era ao lado do dele e peça duraria no mínimo 1h30min, como estavam 40 minutos adiantados, o paraíso estava acontecendo. Ela vestida de forma muito diferente do primeiro dia. Roupa clara, discreta, quase na cor de sua pele, lenço, casaco e é claro óculos. Não havia amizade, não havia intimidade, mas ele sabia que salvos amigos de infância e alguma conhecida de tempos à chance dele sentar ao lado de alguém neste clima mágico do tempero “paixão” era quase impossível. É quase como encontrar um grande amor, ELE acontece a cada eleição de PAPA. Os dois chegam ao seu lugar de assistir a peça; o lugar é bom, muito próximo ao palco. Ele provocado com a presença dela, aborda algumas perguntas, superficiais para não assustar a moça. Ela acha graça, e com educação que lhe compete e possui responde. Ele neste momento tem vontade de fazer o merecido interrogatório de o que uma pessoa com aparentemente uma idade próxima a ele, que caiu de pára-quedas ao seu lado traz consigo; mas resolve confiar na fé que lhe acompanha e trata de falar de assuntos da peça de teatro e da profissão dela, assunto que quando ela falava se emocionava de forma que, seus olhos (os mesmos arregalados) refletiam a pouca iluminação que o teatro possuía.
A peça inicia. Junto disto a tortura a ele. A peça, que era um monólogo de um livro de uma grande escritora, era interessantíssima, mas a pessoa ao lado mais. Tanto que passado alguns minutos, disfarçadamente ele se projetava para trás na cadeira, para de forma serena e tranquila namorar o tom de seu cabelo, a textura de sua pele, suas mãos, seu corpo. Ele entende que ela percebe o que está acontecendo, porque vez que outra, ela também vai para trás na cadeira. Ele sente a tortura porque sabe que o relógio não corre a seu favor, e não corre mesmo.
A peça, que era maravilhosa, termina. Durante bons minutos o teatro todo bate palmas, ele e ela naturalmente também. Abrem-se as portas para irem embora. Sujere a ela temas de sua profissão, ela agradece. Ele diz que foi algo especial a noite. Ela concorda. Oferece carona, ela que estava de carro agradece. Lhe da um abraço um beijo, e agradece a companhia rsrsrs embora fosse o último ingresso e único lugar que ela poderia sentar.
Os dias seguem e conforme o previsto, os dois não se encontram mais. Um por falta de interesse, o outro por falta de jeito em se aproximar. Ao saber sobre a moça percebe que os olhos arregalados declaram muito sobre ela: curiosa, insasiável, temerosa, talentosa; instável. Poucas características a citar. Não não possuem contato, mas ele acredita que algo maior os ligam. Ele também acredita que milagres acontecem, e se for assim, porque ele estaria ansioso, conforme dizem, a borboleta escolhe a flor na cor certa para fazer o paraíso dela. Ou seja, no tempo de Deus é só esperar que ela vai pousar no lugar certo!
“Se for para ser, será; do contrario, já foi!” – mas por 2h – foi.